Celso Moretti
Presidente da Embrapa

A criação da Embrapa em 26 de abril de 1973 foi um marco na agricultura brasileira. A partir de seu modelo original de atuação, a empresa se articulou com instituições do Brasil e do exterior e investiu na capacitação de cientistas. Uma rede de pesquisadores passou a entregar soluções para os principais desafios dos produtores. Desde então, a agricultura brasileira passou a ser movida a ciência, em uma das mais incríveis sagas transformadoras vividas no País.

Na década de 1970, o País trazia do exterior leite, feijão e carne – alguns exemplos. Havia preocupação de que não teríamos alimentos para nossa população. A área de produção era pequena, a tecnologia era importada e pouco adequada às condições brasileiras. Sistemas de produção, cultivares, equipamentos adaptados às nossas condições eram raros, caros e de capacidade duvidosa.

A Embrapa e seus parceiros desenvolveram sistemas produtivos, softwares, equipamentos, cultivares, processos agropecuários e agroindustriais e raças melhoradas. O Brasil se transformou de grande importador em um dos maiores produtores mundiais de alimentos, fibras e bioenergia.

Graças a esse trabalho, a produção agrícola no Brasil aumentou 400% entre 1975 e 2020. A safra de grãos se multiplicou por nove. Eram 30 milhões de toneladas em 1973 e devemos ultrapassar 300 milhões de toneladas nesta safra. É possível imaginar que o Brasil possa se tornar o maior produtor de alimentos em alguns anos.

A Embrapa teve ao seu lado um agricultor ágil e empreendedor, que apostou na ciência como forma de transformar a realidade do campo. Contou ainda com a parceria de instituições públicas e privadas, assistência técnica e extensão rural, cooperativas e empresas, resultando em milhares de soluções de todo tipo, incorporadas aos diferentes sistemas de produção e tipos de propriedade em todo o Brasil e contribuindo, inclusive, com outras nações.

A Embrapa manteve equipe altamente qualificada de pesquisadores. Eles até hoje lidam com áreas de impacto no presente e no futuro da agricultura e da alimentação. E trabalham em temas na fronteira do conhecimento, como edição genômica, microbiomas, agricultura digital e big data.

A Embrapa celebra meio século de uma jornada repleta de conquistas, pautada na inovação aberta, na construção de parcerias públicas e privadas, comprometida com a inclusão produtiva e o desenvolvimento de soluções adaptáveis para a agricultura familiar.

Nos últimos dez anos, a Embrapa lançou mais de 1,1 mil soluções, tendo registrado mais de 400 cultivares no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e mais de 300 patentes de invenção em áreas como biotecnologia, automação, bioinsumos, solos, alimentos, nanotecnologia, sanidade vegetal e sanidade animal.

Apesar das conquistas, os desafios são grandes. Com as mudanças climáticas, as exigências de sustentabilidade e a crescente demanda por alimentos, fibras e energia, é fundamental que a pesquisa pública continue a trabalhar pela segurança alimentar. É preciso dar suporte aos milhões de produtores, particularmente os familiares, que precisam de conhecimento e tecnologia. Para isso, a Embrapa investe na maior agenda de pesquisa e inovação agropecuária no mundo tropical.

A Embrapa segue uma empresa moderna e dinâmica com empregados comprometidos com a produção de alimentos, a geração de empregos, renda e a melhoria da qualidade de vida. Fiel à sua missão de gerar e entregar soluções capazes de promover uma agricultura cada vez mais eficiente e diversificada, mantém-se preparada para os desafios do futuro, empenhada em apoiar a sociedade brasileira com soluções inovadoras e sustentáveis.